A NÃO CRIMINALIZAÇÃO DAS LUTAS POLÍTICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO
Por Dr. Elizeu Ribeiro Lira¹
Terminou ontem o longo calvário dos
quatro camponeses do Acampamento Dom Celso, que aliás faz justo esse nome pelo
que representou o Bispo Dom Celso, (Presidente e criador da CPT no Norte
Goiano, com sua primeira sede em Porto Nacional) na luta dos posseiros pela
permanência na terra em toda região do Araguaia e Tocantins território da
diocese do Norte Goiano, que abrangia além de todo o território do atual Estado
do Tocantins, acrescentava os município de São Félix do Araguaia em Mato Grosso e o de
Conceição no Estado do Pará, a luta do Bispo pelos posseiros lhe renderam
vários problemas com a justiça, eu mesmo fui testemunha, me desloquei de
Presidente Prudente onde estava fazendo o meu Mestrado em Geografia para
assistir um julgamento no fórum de Porto Nacional em que Dom Celso era
acusado de incitar "Invasões de Terras" na região, o julgamento foi
suspenso e transferido pra outra data devido o advogado de acusação ter alegado
falta de segurança, mas também seu nome ganhou importância no mundo acadêmico é
citado em varias publicações. O jornalista Ricardo Kotcho em seu livro o
Massacre dos Posseiros, dedica um capitulo inteiro destacando a luta do bispo
pela a Reforma Agrária na Amazônia oriental.
As
mobilizações pelo país, com toda complexidade que possam ter, não deixam dúvida
quanto a um ponto comum: a população quer mais serviços públicos e de
qualidade. Em outras palavras, querem a atuação de um Estado Social, pautada
pelo imperativo de uma ordem jurídica que seja apta a resolver a nossa grave
questão social, notadamente a desigualdade social (MAIOR, USP 2013).
Por
tanto o sistema justiçal do pais tem que se modernizar no sentido de acompanhar
os avanços da sociedade brasileira e isso começa pelo entendimento que
ocupações de terras, publicas, griladas, devolutas e de cultivo de droga, pelos
movimentos sociais no campo não são caso de policia e sim de justiça social, de
combate a desigualdade regional, de preservação da natureza, de desafogamento
das periferias pobres das cidades empobrecidas, de segurança alimentar, em fim
da preservação do modo de vida camponês, historicamente ameaçado pelas elites agrárias/políticas
e agora pelo agronegócio que “nada mais é do que a empresarização do
latifúndio, ou seja a base territorial
do agro negócio na Amazônia legal é resultado do processo de metamorfose
do latifúndio, com todas suas teias de domínios, em “empresas” agrícolas na sua
maioria empresas de fachadas utilizadas para captar recurso das instituições
financeiras publicas do pais, que indiretamente mantém a aguda concentração de terra na região,
desencadeando por outro lado uma profunda diversidade de conflitos no campo” ( LIRA,
2016).
Assim
esperamos da justiça uma nova compreensão da histórica questão agrária
brasileira, de forma que as ações dos movimentos sociais no campo sejam tratadas
pelo viés judiciário dos problemas de injustiças sociais e não como caso de
policia como foram as prisões dos camponeses Jéssica, Waldeir, Vitor e Zé Carlos
do Acampamento Dom Celso, todos sem nenhum antecedente policial. Felizmente
depois de longos 20 dias de reclusão, de sofrimento, de angustia, de
insegurança, de saudades das famílias, dos companheiros de lutas em fim de suas
liberdades de ir e vir que é um direito assegurado pela constituição
brasileira, estão livres para continuarem suas lutas no Acampamento, no MST,
contra o latifúndio e a injustiça.
Viva
a liberdade de lutar pelo direito a terra que não é crime e sim uma ação
política contra a pobreza absoluta e contra a injustiça social. Parabéns Jéssica,
Waldeir, Vitor e Zé Carlos, pela coragem de colocar em risco suas jovens e
preciosas vidas em defesa dos pobres e da Reforma Agrária.
“VIVA A LIBERDADE PELO DIRETO INTERNACIONAL DE
LUTA, HISTORICAMENTE CONQUISTADO PELOS POVOS AMEAÇADOS DO MUNDO INTEIRO” (LIRA,
NURBA/UFT, 2017).
¹Doutor
em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP. P. P. SP. (2004). Mestre em Geografia pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP. P. P. SP (1995). Especialista em
Educação Brasileira/ Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal
de Goiás UFG (1992) Graduado em Geografia pelo Centro Universitário de Brasília
(1987).
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/0986187661026615
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